“A palavra foi dada ao homem para explicar os seus pensamentos, e assim como os pensamentos são os retratos das coisas, da mesma forma as nossas palavras são retratos dos nossos pensamentos.” Jean Molière

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Coração mineiro, uai!

Confesso!
Encantei-me por este lugar.
Caminhei trilhas,
Atravessei pontes...
Mas nada roubou meu coração como este
Belo Horizonte das Gerais!
Foi furto sutil aquele da alma!
Acolhida, partilha, comunhão, beleza, encanto, sabores, luta, sonho, fé!
Tudo isso foram as “armas” usadas no dito “roubo” da alma...
(Com “armas” assim as  guerras não existiriam)
Ninguém viu!
Ninguém sabe dizer como!
Nem eu mesma sei explicar...
Não deu nem pra fazer o B.O.
Só resta esta confissão, a minha confissão:
Sou roraimense de coração mineiro...
De coração invertido,
De coração triangular, uai!



















Poesia de Elisangela Dias Barbosa


Meu Belo Horizonte.wmv



Dizem que todos os caminhos nos levam a Roma...
... Aprendi diferente:
Todos os caminhos nos levam a um Belo Horizonte!


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil

"A poesia tem comunicação secreta com o sofrimento da humanidade". (Pablo Neruda)

Nesta postagem, nada de poesia! Mas o espaço à palavra aberta e solidária para que esta, a Poesia, não morra na vida do Povo Indígena Kaiowá-Guarani.

Acesse o link abaixo para ler a Carta Testamento deste povo.

Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil

Do filme "Terra Vermelha".


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pensamento poético a minha mãe

Foto: Elisangela Dias Barbosa, 2012.


Dona Miriam...
Mulher guerreira, mas de fina ternura!
Mulher mãe, mas companheira-amante do homem de sua vida!
Mulher amiga, mas exigente quando a vida assim lhe pedia!
Mulher zelosa da casa, mas sem deixar de lado sua vaidade feminina, algo na medida certa para sobreviver ao caos da vida, de encontrar tempo para se achar bonita e encantar os olhos de seu amor!
Mulher festeira, mas amante do silêncio e da cumplicidade familiar...
Tem hora que temos de ser egoístas para poder reforçar os vínculos familiares e curtir a convivência dos nossos amores...
Mulher orante, mas de pé no chão...
Com o terço na mão reza pelos filhos, pela saúde do marido, pela cura da irmã, e ainda cuida do feijão na panela, reza porque reza, para entrar em sintonia com outra mãe, a qual também viveu as dores do mundo, as dores da perda de seu filho e se alegrou com o anúncio da Ressurreição... Seu filho para sempre vivo!
Quando pequena, você foi por excelência (e por dever) minha mãe...
Quando adolescente, meu manual de sobrevivência que me fez acolher com naturalidade as mudanças do corpo, da mente, a nova fase em minha vida com suas descobertas e desafios... Quando jovem, minha amiga confidente, aquela que teve conhecimento de meus segredos de mulher, de meus amores, de meus sonhos, de minhas tristezas, de minha busca...
Poucas pessoas ocuparam esse lugar e você foi uma delas, transfigurou-se de mãe em amiga!
Dona Miriam mãe, mestre, amiga... Dona Miriam porto seguro!
Porto seguro que me faz atravessar e enfrentar os desafios da vida, na busca da felicidade, na certeza de que, lá no ponto de partida de meus passos peregrinos sobre a terra, tem sempre alguém que se lembra de mim em oração...
Tem você rezando e torcendo por mim.
Você, meu amor explícito, é meu elo com Deus aqui na terra...
Como nós filhos, uma vez ou outra, ousamos imitar nossos pais, digo-lhe:
Amo você de um amor eterno sempre terno!
Se Deus é Amor, infinitamente Amor, e se sou sua imagem e semelhança, posso dizer:
Amo você infinitamente...
Isso para não fechar no tempo o verbo AMAR!


Elisangela Dias Barbosa

Dedo de prosa

Foto: Elisangela Dias Barbosa.

Mãos enrugadas, marcas do tempo, alisam meus cabelos, afagam meu coração.

_ O que minha netinha vai ser quando crescer?
_ Professora!

Sorriso no rosto. Brilho nos olhos. Constatação da história. Comoção da alma.

_ Estuda minha filha... Estuda minha filha...
_ Eu estudo vovó. Eu gosto de estudar. Eu gosto de ler, de desenhar...

Silêncio. Contemplação de um futuro distante.

_ Quando eu for professora vou comprar um monte de coisa legal pra você vovó.

(Gargalhada)

- Vou comprar um fogão, uma geladeira, uma TV, uma máquina de lavar roupa, um ferro de passar...

Aculturação infantil:
Queria eu, com meus nove anos de idade, mudar a mente de minha avó. Não ter certas coisas não quer dizer ter falta delas. Pode significar jeito de viver sem. O que meus olhos percebiam como falta os de minha avó percebiam como essencial.

Um avião passa por cima da casa.

_ Escuta vovó o avião! Quando eu for professora, vou levar a senhora para viajar comigo. Vamos conhecer muitos lugares.

(Outra gargalhada, agora mais forte e mais incrédula)

O tempo passou e ela se foi. Não tive tempo para comprar o que lhe havia prometido.
Ela se foi e nem pude me despedir. Má sorte de muitos que não puderam estar ao seu lado no momento da passagem para a tão sonhada Terra Sem Males.
Com certeza, chegou lá com a alma pintada de vermelho e preto, toda pronta para a festa... Deve ter sido acolhida pelo guerreiro do cavalo branco. O vencedor da Tribo de Judá deve ter acolhido a filha guerreira da Tribo dos Macuxis... A andarilha de terras distantes.
Eu também me tornei andarilha. Voei céus. Cortei fronteiras.
Nos meus passos, ela foi comigo, porque guerreiro que é guerreiro não morre, permanece vivo no coração de sua gente.
Então lá fomos nós, nas asas da memória, para outras terras distantes, para outras terras do Brasil... Agora estamos em Minas Gerais!

Poesia/Prosa de Elisangela Dias Barbosa


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Salve Mãe Terra!


Foto: Google.
Do ventre da Mãe Terra
A vida nova!

Salve Mãe Terra!

Tua persistência é minha força,
Minha garra em querer acreditar na vida!

Do ventre da Mãe Terra
Minha vida nova!

Tupã esposou Mãe Terra
E gerou vida nova em mim
Por meio do Verbo Encarnado!

Ah, Mãe Terra!
Dá-me um pouco de tua resistência
Para que eu possa aguentar a dilatação do útero de minha alma...
Ela que está gemendo a dor do parto...
Dá-me um pouco de tua paciência
Que se renova a cada ciclo da vida!

Salve Mãe Terra!
Salve a vida nova em mim!

(Poesia de Elisangela Dias Barbosa)

Podes tudo meu Deus!

Foto: Elisangela Dias Barbosa.

Tens a capacidade
de arrancar lágrimas de minha árida alma...

Tens a capacidade
de estremecer meu coração com o toque suave de tua presença...

Tens a capacidade
de despertar minha lucidez
com tua loucura divina
em dizer-me o quanto me queres...

E nesse contraste de sentimentos,
de dúvidas e certezas,
sou feliz assim...
Porque tens a capacidade
de fazer-me sentir
EXAGERADAMENTE
amada por ti meu Deus!

(Poesia de Elisangela Dias Barbosa)


Com licença poética

Foto: Google Images.

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Reecanto dos olhos


Foto: Elisangela Dias Barbosa, 2013.


A vida nos fez encontrar,
A vida nos fez separar.
Passos distantes,
Amor adormecido.

 O tempo passou,
O amor dormiu...
Estava ali como pedra preciosa
A ser redescoberta novamente...

O tempo abriu as janelas
Assim pude reencontrar teus olhos,

Sentir tua melodia,
Ouvindo tua canção em mim.

“Reencanto” dos olhos, sorriso da alma andarilha...
O que resta?
Não resta.
O passado é passado.
O hoje é o encantamento pelos olhos já conhecidos...

Passos novos com fotografias velhas gravadas na memória,
Que de preto em branco passam a ser coloridas.
Fotografias velhas são memórias secretas de um passado imperfeito
Que está se tornando futuro imediato
Neste meu presente contínuo.



(Poesia de Elisangela Dias Barbosa)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A arte de tecer...


Na essência de nosso Ser Mulher,
pincelada da Mãe Terra em nossas entranhas,
a arte de tecer a/com vida,
com as mãos, nos gestos de amor e encanto.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Identidade sem terra




Nossa terra de exílio é nossa própria terra!
 
Nela, caminhamos como estrangeiros...
 
Nela, mendigamos por respeito e consideração...
 
Somos lendas vivas de um olhar folclórico
 
Que nos vê como páginas vivas
 
De um passado morto a ser preservado em fotografia!
 
Mas temos nossa identidade

Ainda que roubada nossa dignidade humana,
 
Ainda que escravos e vítimas do capitalismo

Que destrói as entranhas da Mãe Terra com o seu progresso...
 
Nossa identidade, nosso chão interior,
 
Nossa bagagem ancestral nesta terra de exílio!


(Poesia de Elisangela Dias Barbosa)