“A palavra foi dada ao homem para explicar os seus pensamentos, e assim como os pensamentos são os retratos das coisas, da mesma forma as nossas palavras são retratos dos nossos pensamentos.” Jean Molière

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Amor Belo Imutável


Amor belo imutável
Que permeia meus segredos de mulher...
Descobri-te morador dentro de mim
Enraizando-se com meu bem querer...

Amor belo imutável
Escuta as palavras de meu silêncio
O que sinto por ti é tão sagrado
Que fico mais a contemplar-te
Do que a envolver-te em minhas tramas femininas.

Amor belo imutável
Amo-te sem exigências
Amo-te porque não posso responder
Diversamente daquilo que sinto
Amo-te porque o Amor quis assim.

Amor belo imutável
Escuta o vento,
A água que corre,
O pássaro que canta,
A flor que se abre,
A criança que sorri...
Tudo é declaração de meu amor por ti
Tu que és o meu
Amor belo imutável...

(Elisangela Dias Barbosa)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Canto saudoso de Apoema



Um dia no barco,
Subindo as águas do rio
Escutei alguém me dizer:
“Vai, deixa-te guiar pelas águas do rio...”

Meu coração criou asas
Meus pés percorreram as trilhas do mundo
Meus olhos contemplaram outros rios...

Deixe-me guiar pelas águas do rio
Só não imaginava que sua correnteza me levaria para tão longe
Para longe dos meus e do que era por mim conhecido...

Não reclamo... Sou filha da Mãe Terra
E se sou sua filha
Ela está a me proteger onde quer que eu esteja...

Hoje,
Sou Apoema mulher
Com recordações de Apoema criança...
Recordações que fazem brotar em mim o rio saudoso
Que insiste em percorrer meu rosto...

Meu pensamento voa nas asas do gavião
Para sentar à margem do antigo rio de minha vida
Todo branco e majestoso
Que se tornava mais belo com o balé dos botos,
Meus companheiros de conversa.

Ó MãeTerra!
Olha por tua filha Apoema,
Hoje com canto triste e saudoso,
Mas sempre confiante em tua Providência.
Dá-me mais força aos braços para sustentar com fé e alegria o remo de minha vida
Sobre as águas do rio que percorro
Na canoa sagrada...

Meu coração aperta
Minha alma chora
Mas tenho certeza que a tua Esperança cantará mais forte em mim.
Onde está o guerreiro do rio
Para ajudar-me a remar?
Estará ele tão insensível diante de Apoema?
Ou as margens de seu rio estão ainda tão distantes de minha canoa?

Ó minha Mãe Terra,
Permita-me chorar!
Sou guerreira das águas,
Mas guerreiros também choram...

Os rios da alma
Transbordam seu rosto
E a libertam de seu cativeiro...

Benditas lágrimas que me fazem voltar
Às margens antigas do rio de minha vida.

(Elisangela Dias Barbosa, 14 de agosto de 2012)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Das águas do rio


Meu mundo das águas
Descobri nas brincadeiras de criança,
Desafiando as correntezas e profundezas do rio,
Embalando-me ao ritmo dos banzeiros.

Imitando Iara,
A senhora das águas,
Fiz do Rio Branco minha segunda casa,
Fiz de suas praias meu quintal.



 Crescer no rio
É crescer sobre a canoa,
É nadar beirando suas margens,
Desviando dos ramos das árvores
Que se debruçam sobre ele em sinal de reverência,
Nadar arrastando a rede de pesca até a praia...




 
É viver o jogo infantil de querer adivinhar os nomes dos peixes:
Piranha, pacu, pirarara, piranambu, piramutaba, pirarucu,
Traíra, tucunaré, tambaqui, trairão,
Aruaná, surubim, curimatã, cachorro, jaraqui, matrinxã...
Até o temível poraquê (electrophoridae eletrictus)
Dava adrenalina à diversão!




Crescer no rio é aprender a ser pescador...
Crescer no rio é aprender a ser mulher de pescador...
Caminhar juntos com espírito de liberdade, de companheirismo nas águas...
Somos nós também natureza selvagem
De coração terno!

Crescer no rio é aprender a viver o sagrado da natureza,
a respeitar seus sinais e seus alertas!

  


Filha de pescador,
Filha de amante de pescador,
Eu nasci sobre as águas,
Eu cresci às margens do rio,
Eu cresci banhada pelas águas claras do Rio Branco,
Eu cresci navegando o rio de minha infância!

Na simbiose de minha vida,digo:
“hoje, eu sou rio”!
Hoje, eu sorrio por ser água que corre rumo ao Oceano!


(Elisangela Dias Barbosa)


domingo, 5 de agosto de 2012

Alma índia


Minha alma índia eu a descobri em ti.
Minha infância e adolescência foram o espaço de tempo
Que tu usaste para plantar em mim
As sementes de nossas raízes.

Mal sabia que, talvez,
Eu tenha sido um dos poucos terrenos,
Quem sabe o único,
Em que pudeste depositar
As sementes de nossa história,
De nossos ancestrais.

Lançaste as sementes
E o tempo e minha consciência as fizeram crescer.

Não foste nenhuma avó extraordinária,
Aquele estereótipo de avó “coruja”.
Foste, simplesmente, a minha avó índia:
Transcorrendo tua vida no silêncio e humildade,
Respeitando as pessoas, ainda que não respeitada,
Contemplando a natureza e vivendo da providência divina
Que se faz ver nos frutos da terra e no suor do trabalho sagrado.

Não eras o centro das atenções
E, mesmo assim,
Meus olhos de ti não desgrudavam.
Pouco a pouco,
As minhas raízes cresceram
E começaram a encontrar-se com as tuas,
Até que, por fim,
Tornaram-se únicas raízes.


(Elisangela Dias Barbosa)


Foto: Google Imagens.

INFINITO

Foto: Elisangela Dias Barbosa, 2013.


Na pureza de teus olhos
Encontrei o universo de Deus:


o   i    n    f    i    n    i    t   o ...


Infinito com sabor de Plenitude
Que descobri em teu sorriso de anjo.






Poesia de Elisangela Dias Barbosa



 

Meu sentimento profundo e sagrado



Eu que já fui trilha
Hoje sou parada
A ti esperar...
Não tardes amor de minha vida
A aproximar-te...

Por mim,
Já estaria ao teu lado
A dizer-te o quanto és querido
Não só por mim
Mas por todo o cosmo, o universo, a natureza, o Céu...

Tudo conspira a teu favor
Inclusive meu coração...

Eu te amo!
Sentimento tão profundo e tão sagrado
Que chego a falar baixinho...

Eu te amo!
Não fui eu que escolhi,
Simplesmente aconteceu...

Quando vi
Caminhava eu da outra parte
E meu coração caminhava ao teu lado...

E o que fazer?
Agora resto aqui parada
Esperando meu coração trazer-te...
Para juntos voarmos nos mais altos céus.

(Elisangela Dias Barbosa)


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Pingos de felicidades

Um dia
Na mata fechada
À margem do rio
Estávamos dormindo,
Cada um em sua rede, até mesmo o pequenino de poucos meses.

O escuro ficou molhado
Com pingos grossos
Que cantavam uma canção violenta.

Pai, mãe... meus pais,
Para proteger os filhos,
Começam, então, a lutar contra o tempo
Para levantar o acampamento.



Tudo na canoa!
Todos na canoa!

Seguimos pelo rio até uma praia.
Ali, ao céu aberto,
Estamos protegidos dos raios e trovões.

Meu pai,
homem inteligente,
Faz da canoa uma pequena casa
Para refugiar os três filhos.
Foi a casa mais bonita que tive...

Dormiiiiiimoooos...

Aquela noite foi a noite de meus sonhos...
... Uma migalha de felicidade
Que pude experimentar
Em minha pequena alma de criança.

Distante no tempo,
Percebo que aquela felicidade sentida
Foi fruto do amor de meus pais.
Eles não puderam se refugiar embaixo da canoa,
Pegaram toda a chuva.
 
Ao amanhecer,
Vi em seus rostos o sorriso da gratuidade.
Estavam felizes por estarmos juntos e protegidos.
Aqueciam-se ao redor de uma fogueira
E com a cumplicidade de casal
Tomavam o mais gostoso café.

Fiquei feliz!
Agradeci ao Ser Supremo
A bendita chuva de uma noite
Que ficou inundada de felicidade.

(Elisangela Dias Barbosa)


Foto: <http://downloads.open4group.com/wallpapers/1024x768/chuva-na-floresta-tropical-11528.html>; <noticiasrss.com.br>.