“A palavra foi dada ao homem para explicar os seus pensamentos, e assim como os pensamentos são os retratos das coisas, da mesma forma as nossas palavras são retratos dos nossos pensamentos.” Jean Molière

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O que faço com minha cara de índia?

Foto: Elisangela Dias Barbosa.

E meus cabelos?
E minhas rugas?
E minha história?
E meus segredos?
Que faço com a minha cara de índia?
E meus espíritos?
E minha força?
E meu Tupã?
E meus círculos?
Que faço com a minha cara de índia?
E meu Tora?
E meu sagrado?
E meus "cabocos"? E minha Terra?
Que faço com a minha cara de índia?
E meu sangue?
E minha consciência?
E minha luta?
E nossos filhos?

Brasil, o que faço com a minha cara de índia?
Não sou violência
Ou estupro
Eu sou história
Eu sou cunhã
Barriga brasileira
Ventre sagrado
Povo brasileiro

Ventre que gerou
O povo brasileiro
Hoje está só... A barriga da mãe fecunda
E os cânticos que outrora cantava
Hoje são gritos de guerra
Contra o massacre imundo.

Poesia de Eliane Potiguara, extraída do livro "Metade cara, metade máscara".

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